abril 20, 2001

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MARKETING HACKER
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uma e-zine e-revolucionária

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Newsletter 010/2001
Abril, 19, 2001
Editor: Hernani Dimantas (mailto:hernani@javali.com.br)
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Índice

1. Parangolé "Uma quase entrevista com Eric Raymond"

2. Mercados são Conversações

3. Vozes da Internet - Debate sobre o Comunidadismo
4. Por Dentro - Everything2
5. Por Fora - Não é para isso que serve a Web
6. Escovando Mercados - Mercados inteligentes irão achar fornecedores que falam sua própria língua.
7. Convidado Hype - Propaganda na berlinda Manoel Fernandes
8. Biblioteca Binária - Open Sources: Voices from the Open Source Revolution

9. Abstract

1. Auto Promoção Sem Vergonha -
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1. Parangolé - "Uma quase entrevista com Eric Raymond"

Meu forte nunca foi fazer entrevistas. Não sou jornalista, e nem tenho este cacoete. Mas na Internet somos todos " publishers", e fui buscar mais informações sobre o movimento open sources com o grande Hacker Eric Raymond.

Preparei algumas questões na tentativa de tirar o máximo de informações do cara que preside a "Open Sources Initiative", o homem que através do seu livro "The Cathedral and the Bazaar" influenciou a Netscape a abrir seus códigos, e criar o Mozilla. Eric Raymond é um personagem incomum. Ele soube aproveitar o momento no qual as empresas começaram a entender a cultura hacker, e foi pragmático ao apresentar as soluções não tradicionais para que a industria de softwares pudesse absorver esta nova forma de desenvolvimento de programas.

Minha preocupação era saber qual seria a posição do Raymond sobre o projeto lei do Deputado Walter Pinheiro. Primeira decepção: Mr. Eric Raymond, infelizmente, não está ao par da situação do open sources no Brasil. Digo infelizmente porque acredito que o Brasil, como outros países em desenvolvimento, apresentam uma vocação inerente para o desenvolvimento dos sistemas de códigos abertos.

Perguntei se ele achava que os softwares abertos poderiam ajudar a diminuir a exclusão social, e qual era a sua experiência na democratização do acesso à rede através da utilização dos softwares livres... Curto e grosso disse: Open sources podem certamente ajudar a reduzir o custo dos sistemas de computadores para acessar a Internet. Acho que ele não tinha muito o que falar da sua experiência. Eu repliquei se esta redução seria devida a diminuição do custo ou pela influência da filosofia do movimento na cultura empresarial. No answer!!

Continuei, questionando se os softwares livres poderiam equalizar a balança de poder das patentes americanas, que resultaria num relacionamento mais justo. Raymond respondeu que não. Pois os códigos dos softwares abertos são protegidos por patentes, e suas leis. Mas seguramente diminuiria o pagamento de royalties.

Tentei entrar numa conversa sobre política, mas Raymond logo cortou dizendo que o movimento open sources não se envolve em política, pois a lei americana não permite tal manifestação.

Então, esqueçamos a política, e voltamos a esta quase entrevista. Acho que o Raymond acordou de mal humor, e esqueceu sua prolixidade usual na cama. Suas respostas, por mais que eu pudesse enrolar não dariam para fazer um texto de meia página.

Fiquei puto!! Mas logo percebi que não tinha que ficar nervoso. Minhas perguntas não eram fantásticas, e tudo que eu queria era um repeteco de idéias. Inconscientemente estava aproveitando da reputação do grande hacker para aumentar a minha própria. E ele me respondeu com um "se vira", e "é tudo que eu tenho a dizer". Seus artigos falam o resto.

Aprendi também que temos que desenvolver as nossas próprias soluções. O sonho Americano é fechado para estrangeiros, e encarcerado para os pobres latinos americanos. Na Internet o sonho é global, mas teremos que conquistar nossos espaços nas pradarias do norte.

Eric Raymond me ensinou muito mais do que poderia aprender com uma entrevista pomposa e cheia de puxa saquismo. Ser hacker é acreditar no teu próprio potencial, e cutucar os mercados com pragmatismo.

Legal. Mas o filho da puta do Eric Raymond poderia ter respondido melhor!!! :-)

Abraço Hacker

Hernani Dimantas

2. Mercados são conversações

A administração tradicional nomeia os mercados de muitas formas. Primeiramente, os mercados eram "Seres". Seres que através de uma mão invisível poderiam equilibrar estes mercados dos devaneios da oferta e procura. Os mercados teriam sentimentos, humores e comportamentos.

Mais tarde apareceu o conceito de Marketing de "Guerra". Onde os mercados são vistos como campos de batalhas. É uma metáfora conceitual, que favorece empreendedores como o monopolista Bill Gates. Para vencer dentro destes mercados temos que lutar contra a concorrência, contra os clientes, e quem mais vier pela frente. Não existe perdão em tempos de guerra. Todos são inimigos, e aos vencedores as batatas!

Pensar que mercados são conversações é uma aproximação mais humanista. É falar do poder das palavras que espalham o conceito do produto. Usamos o Marketing de Relacionamento, mas a maioria das pessoas confunde com exposição aos mercados, e com auto promoção. Ora, quem não conseguir angariar reputação, vai acabar se expondo tanto, e virar figurinha fácil. Os caras que publicam em tudo que é site acabam fazendo do seu conhecimento uma commodity. Nem um maluco vai querer publicar, num futuro próximo, o que esta sendo repetido em dezenas de sites. É hora de recuar. E repensar este esquema.

O Manifesto Cluetrain traz novo enfoque para estas conversações. Temos que explicar o motivo desta afirmação. Tem muita história por trás destas palavras. Estamos falando de uma nova ferramenta que está propiciando o retorno da voz, e que pode ser reverberada indeterminadamente.

1. A interrupção no conhecimento sobre os mercados se deu na Revolução Industrial. A Internet está nos relembrando dos tempos onde a atividade profissional eram os sobrenomes das pessoas (Farmer, Baker, Ferreira, etc). Fomos substituídos por cargos, chefias e hierarquias.

2. Mercados são conversações é uma metáfora mais acurada do que mercados são campo de batalhas, ou mercados são alvos, zonas, seres, ou categorias.

3. Nos confundimos ao dizer que montar um negócio é como construir uma fortaleza. Mas a Internet expõe este forte de dentro para fora. Não tem jeito de ficar escondido. A Internet rompe o muro virtual entre empresas e consumidores. As paredes do forte não existem mais. Foram demolidas.

4. A Revolução Industrial aumentou a distância entre produção e consumo. Os clientes passaram a se chamar consumidores. Isto é quase um insulto. Mas a força estava na outra ponta. A Internet está nos devolvendo o título de clientes, ou melhor, usuários.

5. Na era da informação não produzimos bens. Produzimos conteúdo. Nossa capacidade inerente de criar. Este conteúdo será distribuído através dos Web Sites, e direcionados ao cliente. Assim, funciona o B2B e o B2C. Pare e pense: Você faz negócios para outras pessoas, ou com elas.

6. Aumentando a necessidade de usar a voz humana para se comunicar com outros seres também humanos, deixaremos de lado a voz robotizada das cartas corporativas.

Na Internet existe maior interatividade entre a empresa e o usuário. O consumidor que sempre fôra tratado como massa, passou a participar do mercado. Conversando com as empresas, e com outros usuários. Ele tem informações do mercado. Muitas vezes, ele conhece a empresa melhor do que o próprio dono. Os mercados estão conversando, e é isto que tem que ser percebido. As empresas que souberem trabalhar com este enfoque serão, provavelmente, as vencedoras.



3. Vozes da Internet - Debate sobre o Comunidadismo

Coloquei o artigo Comunidadismo para debate na lista Comunidade Virtual, onde tento ajudar o Carlos Nepomeceno na moderação. O enfoque da lista é debater sobre formas e formulas de comunidades, e achei este debate pertinente para ser dividido com meus valorosos leitores:

PS. dei uma resumida, são os melhores momentos.... eheheh

Wilson Azevedo escreveu:

Eu confesso que pude entender muito pouco... :-(

Hernani, se eu estiver sendo chato, por favor, ignore este pedido, mas dá pra explicar melhor o que você quis dizer neste artigo?

Hernani Dimantas escreveu:

Este artigo esta enfocado para comunidades de negócios.. que deixam de ser comunidades para atender aos interesses de alguns membros......

Eu trabalho sob a ótica do Manifesto Cluetrain..... e catalisada pela diversidade da rede. Estou dizendo qual seriam as outras formas de se trabalhar com uma comunidade que se auto conduz e gerencia. Caso contrario, não estamos falando de comunidades, e sim de grupos, de movimentos, de revistas...

E para os que repetem todas essas mazelas, e assim acreditam que o lucro é o fator mais importante... deixo minhas risadas, e continuo me linkando, e fazendo o meu trabalho... o Marketing Hacker não compactua com esta carnificina mental. Estou fora..


André Mello escreveu:

Li o artigo do Hernani e gostei. É bem-humorado. Acho que ele deve ser lido depois da entrevista do Mário (bem arquitetada :-)). http://www.vento.com.br/business/criar/viabilidade/experts_entrevista_persona.asp

Os dois arquivos, juntos, me fizeram pensar: Temos duas forças (e não apenas dois tipos de pessoas formando comunidades), talvez por isso não se chegue a um denominador comum..... Um modelo de rede é formado por manifestantes, rebeldes e revolucionários (que vêem na rede uma oportunidade de comunicação)... o outro modelo é de empresários, trabalhadores e empreendedores (que usam a rede como uma das suas formas de comunicação).
Me dei conta de que ambos estão sendo "alternativos" aos reacionários, que não vêem a rede....


Hernani Dimantas escreveu:

Adorei os teus comentários. No entanto, não vejo que de um lado estão os rebeldes, e do outro os businessmen. Eu estou no mundo dos negócios há muito tempo para ser rotulado apenas como rebelde. Tenho desenvolvido meus trabalhos sob o ponto de vista hacker, antes mesmo de conhecer toda esta parafernália. Os objetivos são diferentes. Prefiro a reputação ao lucro fácil, assim, a remuneração se torna fruto do trabalho (e não o contrário).

Sérgio Buaiz escreveu:

Acho que essa dualidade realmente existe, apesar de termos alguns raros, que conseguem casar o business com a "rebeldia" saudável das redes, que eu traduzo simplesmente como paixão, vontade de aprender, ensinar e trocar... enfim, fazer a coisa certa.....

O artigo do Hernani é muito apaixonado pela chamada "causa hacker", e por isso soa estranho para quem não o conhece, ou não está preparado para ver o mundo de negócios sob um novo ângulo. Acho que será bombardeado de críticas, mas isso não é necessariamente ruim. Será um bom termômetro!

Acho que essa dualidade explica muito bem os motivos de tantos empresários e investidores tradicionais estarem se ferrando na Internet, pois o foco no dinheiro é rapidamente desmascarado em um ambiente de rede e "conversações".

As pessoas já se cansaram de ser usadas e agora exigem uma via de mão dupla......

Nas conversações, as mentiras não sobrevivem muito tempo. O dinheiro pelo dinheiro sempre foi oportunismo, mas as pessoas nunca tiveram meios de perceber e se avisar sobre isso.

As empresas que vão permanecer são aquelas que fazem as coisas com transparência, sinceridade e sobretudo paixão. Ideais são tudo na nova economia. ......

Uma empresa sem cara não tem direito de errar. Um ser humano sincero pode vir a público pedir desculpas... qualquer erro empresarial terá que ser absorvido por um humano pára-raios, que deverá ser muito ágil em solucionar qualquer impasse, da melhor forma possível, sob o ponto de vista da população.

O mercado está virando do avesso e poucos perceberam!

Não é apenas a tecnologia que está "acontecendo" nos dias de hoje. Como sempre prego em meus artigos, a maior mudança da atualidade é social... e essa mudança interfere em tudo. É basicamente o networking, que o Hernani prefere chamar de "conversações".

Isso é poderoso demais!

Quando a população entender isso, e fizer valer seus direitos de expressão... hummm...

Somente entendendo o poder dos relacionamentos é possível entender o novo mercado...

Hernani Dimantas escreveu:

A idéia do Marketing Hacker não é isolada. Sempre disse que é um
conceito, um movimento. E sozinho não vou a lugar algum. Só será
válido quando estiver difundido, e avançarmos para dentro das grandes corporações. Esta é a tendência.


4. Por Dentro - Everything2 - http://www.everything2.com

E2 pode ser um site... muito... muito confuso... mas só na primeira impressão. Este website tem origem numa simples enciclopédia escrita pelos seus usuários (veja E1), e cresceu para uma complexa comunidade online. Com foco nos textos, publicações